Economia e mercados
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Apesar de um ambiente de mercado com inflação persistente, taxas de juros altas por mais tempo e expectativas dos investidores em constante mudança, a temporada de resultados do primeiro trimestre não só foi positiva, como em grande parte superou as expectativas. Até agora, cerca de 98% das empresas do S&P 500 já divulgaram seus resultados para o primeiro trimestre de 2024. Até o momento nesta temporada, cerca de 80% das empresas relataram lucros por ação reais acima das estimativas (acima da média de 10 anos, com uma taxa média de superação de 7,7%). Nos diversos setores, os serviços de telecomunicações, os serviços públicos, os bens de consumo discricionário e a tecnologia apresentaram crescimento de mais de 25% a.a., enquanto saúde, energia e materiais registraram um crescimento negativo de 20% ou ainda pior. No geral, foi uma temporada forte em todos os aspectos, com estimativas consensuais de crescimento dos lucros do primeiro trimestre atualmente em +6% (acima dos +3,4% em 31 de março).
A América Latina não ficou alheia às mudanças na visão do mercado, já que tudo se resume à Reserva Federal (o Fed). Além disso, as idiossincrasias também desempenharam seu papel, e apesar do nosso otimismo em relação à região, reconhecemos que os riscos estão mais altos. O forte ímpeto do crescimento econômico tem se mantido ao longo do ano, com o México e os países andinos surpreendendo positivamente. No entanto, o mercado de ações não é a economia, como mostrado pela temporada de resultados e desempenho do ano até a data (MXLA -6,7%).
Em termos de lucros, cerca de 92% das empresas dentro do índice MSCI EM LatAm já reportaram seus resultados. Aqui, cerca de 44% surpreenderam positivamente, com uma taxa média de superação de cerca de 14%, o que é significativamente melhor em comparação com os cerca de 30% dos últimos trimestres. No geral, as estimativas de consenso para o trimestre estão fixadas em -11,1%. Aqui, os quatro maiores setores dentro do índice (finanças, materiais, bens de consumo não duráveis e energia) respondem por -10,39% do crescimento negativo de -11,1%, sendo que bens de consumo não duráveis (-20,1%), materiais (-24,4%) e energia (-26,5%) são os mais retardatários. Por outro lado, saúde (+362,3%), serviços públicos (+40,8%) e finanças (+14,6%) se destacaram como os melhores desempenhos.
Embora o início do ano tenha sido desafiador, era amplamente esperado. E, como mencionamos no começo deste ano, as expectativas são de uma recuperação ao longo de 2024, com um crescimento geral dos lucros de 10,3% a.a., principalmente impulsionado pelos setores de saúde, tecnologia e serviços públicos.
No entanto, o desempenho tem sido uma história diferente, com uma ampla dispersão em todos os aspectos. Até o momento, Peru (+260%), Colômbia (+13%) e Chile (-0.8%) tiveram um desempenho superior no acumulado do ano impulsionados pelo mais recente rali de commodities. Enquanto isso, México (-16%) e Brasil (-18%) ficaram para trás devido a vários obstáculos, como as recentes inundações no Brasil, temores sobre interferências do governo em algumas das maiores empresas do país, impactos cambiais e preocupações com o déficit fiscal – o que explica o fraco desempenho geral da região.
No geral, apesar dos lucros mostrarem um crescimento negativo pelo quinto trimestre consecutivo, a economia da América Latina tem sido bastante resiliente, surpreendendo positivamente, e as empresas estão prontas para se recuperar a partir deste ponto. As expectativas são de uma recuperação dos lucros já no segundo trimestre de 2024, com o consenso apontando para um crescimento dos lucros de aproximadamente 19% em relação ao ano anterior. Dito isso, mantemos uma visão positiva sobre a região como um todo, especialmente em relação ao México e ao Brasil, devido à nossa visão construtiva sobre a economia – como o aumento do consumo doméstico e os benefícios do nearshoring, além das avaliações atrativas (o MSCI México é atualmente negociado a 12,8x em comparação com a média de longo prazo de 15,1x; o MSCI Brasil é atualmente negociado a 7,5x em comparação com a média de longo prazo de 10,8x).
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