Estratégia de investimento
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Enquanto muitos consideraram a América Latina como a grande vencedora após o anúncio de tarifas recíprocas do presidente Trump no "Dia da Libertação" em 2 de abril, as notícias recentes contribuíram para uma visão um pouco mais negativa das perspectivas regionais nesse aspecto. Em primeiro lugar, o governo dos Estados Unidos anunciou planos de impor uma tarifa de 50% sobre as exportações de cobre, somando-se aos 50% existentes sobre aço e alumínio. Pouco depois, o presidente Trump autorizou uma tarifa de 50% sobre os bens brasileiros como retribuição pelos próprios impostos brasileiros sobre as importações americanas, bem como a descrição de uma "caça às bruxas" dirigida ao ex-presidente Bolsonaro por parte da administração do presidente Lula. Posteriormente, foram publicadas as tarifas sobre as importações provenientes do Canadá (35%) e da União Europeia e México (30%), enquanto ainda são desconhecidos os detalhes da renegociação do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês).
Embora as notícias inicialmente tenham abalado a região, afetando tanto as moedas locais quanto as ações, os mercados globais, de modo geral, têm permanecido bastante estáveis. Os investidores têm visto as últimas manchetes sobre tarifas como mais barulho do que ação, pois se tornaram insensíveis à enxurrada de anúncios. No entanto, investidores locais permanecem preocupados com as intenções por trás do anúncio.
No Brasil, o anúncio das tarifas sobre importações para os EUA foi recebido com forte oposição do Presidente Lula, que prometeu uma resposta contundente graças à recentemente aprovada Lei de Reciprocidade Econômica do Brasil, que permite medidas de contrapartida proporcionais em resposta a ações comerciais unilaterais. Isso levanta a questão: quão importante é a relação comercial entre esses dois países?
A relação comercial entre os Estados Unidos e o Brasil tem evoluído significativamente. Enquanto o Brasil teve um déficit comercial considerável com os EUA nos últimos 15 anos, isso mudou para um superávit em 2024 e agora está quase equilibrado.
Ainda assim, a economia brasileira provavelmente enfrentará danos. Nossos economistas do Banco de Investimento estimam que cada aumento de 10 pontos percentuais nas tarifas sobre as exportações brasileiras reduz o PIB em 0,2% a 0,3%. Se a tarifa total de 50% for implementada (com incerteza sobre se isso inclui a tarifa existente de 50% sobre aço e alumínio), o impacto total pode ser de 0,8% a 1,2%. As estimativas atuais de crescimento do PIB da nossa equipe para 2025 e 2026 permanecem em 2,3% e 1,2%, com mais riscos de queda do que antes.
Na mesma linha, o México reagiu ao plano tarifário dos EUA de maneira semelhante e o denominou como "tratamento injusto" por parte de seu vizinho do norte. Apesar disso, a presidente Sheinbaum expressou sua confiança de que as negociações permitirão chegar a um acordo antes de 1º de agosto. Todas as tarifas recentemente anunciadas, se totalmente repassadas ao consumidor, adicionariam cerca de 0,4 pontos percentuais ao índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE, ou a medida de inflação preferida pelo Federal Reserve) nos EUA.2
A tarifa sobre o cobre coloca um pouco mais de pressão sobre países latino-americanos como Chile e Peru. No entanto, investidores globais estão amplamente céticos quanto à permanência do aumento de 50% na tarifa, já que a capacidade de produção de cobre dos EUA está muito aquém de suas necessidades de consumo doméstico (os EUA importam 45% de seu cobre). Na verdade, o Chile, a maior fonte de cobre do mundo, fornece 65% do cobre dos EUA, enquanto os EUA representam apenas 15% das vendas de cobre do Chile. Além disso, os EUA não são um grande usuário do metal condutor, com a região representando apenas cerca de 8% do uso global em comparação com a China, que representa 57%.3
Na verdade, a China se destaca como o maior importador de cobre por uma margem significativa e pode se beneficiar se as tarifas dos EUA levarem a uma maior disponibilidade de cobre no mercado. Enquanto o Peru mantém aproximadamente 10% das reservas globais de cobre, ele vende apenas 2% de suas exportações de cobre para os EUA, em comparação com 72% para a China.4 Dado que a China e os principais países produtores de commodities na América do Sul, incluindo o recentemente impactado Brasil, Chile e Peru, já são parceiros comerciais próximos, tal movimento por parte dos EUA pode fortalecer ainda mais essa relação.
Por fim, a tarifa de 50% sobre as importações de cobre também pode estar ligada à Seção 232, que sugere que o cobre em conformidade com o USMCA pode ser tratado de forma diferente ou isento (semelhante ao alumínio e aço).
Em relação às perspectivas para a América Latina, mantemos um nível elevado de cautela sobre a região em 2025, devido aos rápidos desenvolvimentos até agora. No entanto, temos uma visão mais otimistas no longo prazo, considerando o posicionamento estratégico dos países na região.
O que isso pode significar para os portfólios? Embora continuemos acreditando que a taxa efetiva de tarifas nos EUA se estabilizará entre 10% e 15%, anúncios recentes aumentam o risco de que essa faixa possa subir para 15% a 20%. Diante da incerteza sobre os níveis de tarifas, duração e possíveis retaliações de parceiros afetados, enfatizamos a importância da diversificação regional e de classes de ativos. Essa abordagem garante resiliência em um ambiente que continua volátil.
Entre em contato com sua equipe do J.P. Morgan para discutir o que isso significa para seu portfólio e seus objetivos financeiros de longo prazo.
1 JPMorgan Investment Bank, Bloomberg Finance L.P.
2 JPMorgan Investment Bank.
3 Bloomberg Finance L.P.; Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento.
4 Relatórios da empresa, dados do governo e da indústria, CRU, Wood Mackenzie, BGRMM, J.P. Morgan Commodities Research. Dados até 14 de julho de 2025.
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