Economia e mercados

Diversificar o dólar: Por que este é o momento?

Principais conclusões:

  • Reavaliando a alocação em ativos dos EUA: Com a recente volatilidade e a incerteza política afetando os mercados americanos, investidores globais estão reconsiderando sua forte concentração em ativos dos EUA, o que pode resultar em mudanças nas alocações de portfólio e moeda.
  • Estratégia de diversificação cambial: Com os riscos para o dólar americano inclinados para o lado negativo, os investidores são encorajados a reavaliar suas alocações cambiais, considerando alternativas como o euro, o iene japonês e o ouro para mitigar possíveis perdas.
  • Posicionamento para um novo regime do dólar: Diante de uma possível tendência de enfraquecimento do dólar americano, é aconselhável diversificar os portfólios com ativos e moedas globais para complementar as exposições nos EUA e aumentar a resiliência contra as oscilações do mercado.

O dólar americano tem estado sob pressão desde o anuncio das tarifas do “Dia da Libertação” pelo presidente Trump.

Embora os mercados globais tenham enfrentado dificuldades,  é notável  que a volatilidade tem se concentrado particularmente em ativos dos EUA, com alguns dias marcados por quedas simultâneas em ações, títulos e no próprio dólar —  algo que não acontece com frequência.

Para nós, parece que a incerteza política sem precedentes está abalando a confiança dos investidores globais nos mercados dos EUA. Isso levou os investidores a exigir um prêmio maior para manter ativos americanos e a possivelmente reconsiderar suas alocações substanciais.

Isso está enfraquecendo o status típico do dólar como “porto seguro”.

O status do dólar: por que isso é importante?

Os Estados Unidos compram mais de outros países do que vendem para eles, criando um déficit externo. Para financiar esse déficit, e necessário um fluxo significativo de investimentos estrangeiros. Isso não tem sido problemático na última década, devido à atratividade dos mercados americanos. No entanto, se isso mudasse estruturalmente, o resultado poderia ser um dólar mais fraco e um desempenho inferior dos ativos dos EUA. Vimos isso acontecer no Reino Unido em 2022, quando o país enfrentou preocupações com a estabilidade financeira.

Essa mudança nas alocações de portfólio e moeda não acontecerá da noite para o dia. A dominância dos EUA tem sido o tema da era pós-crise financeira, e fez com que o peso dos EUA no índice MSCI World atingisse seu nível mais alto já registrado. Investidores estrangeiros também têm protegido uma parte menor de sua exposição cambial entre esses ativos americanos.

Portanto, é importante diferenciar entre os investidores que estão impulsionando os movimentos recentes do dólar: 1) traders especulativos, que têm vendido o dólar até agora este ano, e 2) instituições e outros investidores de “dinheiro real”, que estão mudando suas alocações estruturais.

Em relação a este último ponto, dados recentes indicam que, enquanto investidores domésticos aproveitaram para comprar ações na baixa, investidores estrangeiros têm vendido ações americanas em ritmo recorde, superando até mesmo o impacto da COVID-191. E não se trata apenas de ações. Os investidores internacionais, especialmente na Europa, têm se desfeito de ativos dos EUA de maneira incomum. Apesar disso, não acreditamos que o status do dólar como moeda de reserva global esteja em risco no curto prazo, mas a continuidade dessa rotação de ativos pode transformar a atual queda cíclica do dólar em um enfraquecimento mais duradouro.

Para contextualizar, períodos anteriores de fraqueza prolongada do dólar (1970-1980, 1985-1992, 2002-2008) resultaram em uma depreciação de cerca de 40% ao longo de 5 a 10 anos. Não estamos afirmando que isso ocorrerá agora, mas é prudente que os portfólios estejam preparados para essa possibilidade. 

À beira de um novo ciclo do dólar?

Índice do dólar norte-americano (DXY): Vermelho = ciclo de dólar fraco; Verde = ciclo de fortalecimento do dólar

Fonte: Bloomberg Finance L.P. Dados de 10 de abril de 2025. Perspectivas e desempenho passado não garantem resultados futuros. Não é possível investir diretamente em um índice.

Como pensar na diversificação cambial?

A economia e os mercados dos EUA têm se destaca há anos. Isso levou a uma grande concentração de ativos americanos e em dólar nos portfólios, muitas vezes sem que os investidores percebessem.

O ano de 2025 destacou os riscos potenciais dessa situação. Imagine um investimento em um portfólio global composta com 60% em ações e 40% em títulos no início deste ano. Para um investidor baseado em euros que não considerou a exposição cambial, esse portfólio teria uma queda de mais de -10% em termos de moeda local até 10 de abril. No entanto, se o investimento tivesse sido protegido para euros, as perdas seriam reduzidas pela metade, para cerca de -5%. Ainda não seria um bom resultado, mas certamente menos prejudicial.

Com nossa visão de que os riscos para o dólar estão agora inclinados para a desvalorização, acreditamos que os investidores (principalmente aqueles que considerem seu patrimônio em outra moeda) deveriam reavaliar suas alocações cambiais como parte de um plano geral baseado em metas.

Cada situação é única e depende das necessidades diárias de consumo de cada pessoa. No entanto, do ponto de vista da diversificação, olhamos para as reservas dos bancos centrais como referência. Assim como muitos investidores, os bancos centrais têm horizontes de tempo muito longos, com o objetivo principal de preservar o poder de compra, priorizando liquidez e segurança, enquanto buscam algum retorno. Com quase US$ 13 trilhões em ativos sob gestão, eles tendem a alocar mais em moedas com mercados financeiros profundos e líquidos, que oferecem um amplo universo de ativos investíveis. Suas maiores alocações fora do dólar americano são em ouro e em títulos denominados em euros, ienes japoneses e libras esterlinas, além de algumas outras moedas para diversificação, como o renminbi chinês, o franco suíço, o dólar australiano ou o dólar canadense.

Como pensar sobre diversificação cambial

Composição das reservas cambiais dos bancos centrais globais, % do total

Fontes: FMI e J.P. Morgan. Dados do T1 2024. Dados de 149 bancos centrais que reportam informações ao FMI. Perspectivas e desempenho passado não garantem resultados futuros. Não é possível investir diretamente em um índice.

Podemos pensar em aumentar a alocação em moedas de reserva alternativas, que tenham menor correlação com o crescimento global. Nesse contexto, acreditamos que o euro e o iene japonês são os candidatos mais evidentes para se beneficiarem de uma mudança nas alocações dos portfólios dos EUA. Os investidores europeus, por exemplo, possuíam mais de US$ 4,5 trilhões em ações de empresas americanas em novembro de 2024.

Além disso, acreditamos que o ouro pode continuar a ser um bom diversificador contra a desvalorização do dólar, como tem sido historicamente. Por ser uma reserva de valor física, o ouro tem se tornado mais popular em tempos de tensões geopolíticas. No entanto, para investidores individuais, é importante lembrar que o ouro não gera rendimento, o que torna essencial considerar a importância da geração de renda em um portfólio ao decidir sobre a alocação adequada.

O ouro teve bom desempenho durante períodos de enfraquecimento do dólar

Desempenho nas 3 maiores desvalorizações do dólar dos EUA desde 1970, %

Fonte: Bloomberg Finance L.P. Dados de 10 de abril de 2025. Perspectivas e desempenho passado não garantem resultados futuros. Não é possível investir diretamente em um índice.

Não existe uma fórmula perfeita para diversificar a exposição cambial. Porém, para fins ilustrativos, partindo de um portfólio 100% em dólar, poderíamos considerar aumentar gradualmente a exposição para 30% em moedas não dolarizadas. Isso está aproximadamente alinhado com a exposição fora dos EUA no índice MSCI World.

Destinaríamos a maior parte desses 30% a títulos denominados em euros, onde vemos oportunidades tanto no mercado de ações quanto no de renda fixa. Além disso, as próximas maiores alocações seriam para ouro, como mencionado anteriormente (seja em formato físico ou outro), e para o iene japonês (considerando oportunidades específicas em ações). As demais alocações seriam menores, mas poderiam oferecer a diversificação necessária com maiores retornos.

Como implementar a diversificação cambial

Exemplo ilustrativo de diversificação para uma carteira de US$ 10 milhões totalmente exposto ao dólar

Fonte: J.P. Morgan Wealth Management, dados de 2025. Perspectivas e desempenho passado não garantem resultados futuros. Não é possível investir diretamente em um índice.

Diante de uma possível tendência de enfraquecimento do dólar americano,  é sensato avaliar o peso atual dos portfolio em ativos dos EUA. A nosso ver, complementar essa exposição com ativos e moedas globais faz sentido neste cenário.

Entre em contato com seu assessor J.P. Morgan para discutir como essas estratégias podem ser aplicadas ao seu portfólio.

1 Dados sobre fluxos semanais de ações com base em informações da Exante Research, em 11 de abril de 2025.

CONSIDERAÇÕES DE RISCO

Todos os dados econômicos e de mercado a partir de abril de 2025 e obtidos da Bloomberg Finance LP e FactSet, salvo indicação em contrário.

Acreditamos que as informações contidas neste material sejam confiáveis, mas não garantimos sua precisão ou integridade. As opiniões, estimativas, estratégias de investimento e opiniões expressas neste documento constituem nosso julgamento com base nas condições atuais do mercado e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

  • O desempenho passado não é indicativo de resultados futuros. Não possível investir diretamente em um índice.
  • Os preços e taxas de retorno são indicativos, pois podem variar no decorrer do tempo com base nas condições de mercado.
  • Existem considerações de risco adicionais para todas as estratégias.
  • As informações aqui fornecidas não pretendem ser uma recomendação, oferta ou solicitação de compra, ou venda de qualquer produto ou serviço de investimento.
  • As opiniões aqui expressas podem diferir das opiniões expressas por outras áreas do J.P. Morgan. Este material não deve ser interpretado como uma pesquisa de investimento ou um relatório de pesquisa de investimento do J.P. Morgan.

Definições de índices:

  • O Índice do dólar dos EUA (USDX): indica o valor internacional geral do dólar norte-americano. O USDX calcula esse valor com base na média das taxas de câmbio entre o dólar e as principais moedas globais. A ICE US é responsável pelo cálculo do índice, utilizando taxas fornecidas por cerca de 500 bancos.
  • O S&P 500 é amplamente considerado o principal indicador das ações de grandes empresas dos EUA e serve de base para uma ampla gama de produtos de investimento. O índice inclui 500 das maiores companhias do mercado e representa cerca de 80% da capitalização de mercado disponível.
  • O MSCI World é um índice de ações ponderado por free float. Foi desenvolvido com um valor base de 100 em 31 de dezembro de 1969. O MXWO inclui mercados desenvolvidos, mas não abrange mercados emergentes. Já o MXWD inclui tanto mercados desenvolvidos quanto emergentes.

Os detentores de ativos estrangeiros podem estar sujeitos a risco cambial, risco de variação de taxa de câmbio e risco de moeda, já que as taxas de câmbio oscilam entre a moeda do investimento e a moeda local do investidor.  Por outro lado, também é possível se beneficiar de flutuações cambiais favoráveis.

Informações importantes

PRINCIPAIS RISCOS

Este material é meramente informativo e pode informá-lo(a) sobre alguns produtos e serviços oferecidos por empresas de banco privado do JPMorgan Chase & Co. (“JPM”). Os produtos e serviços descritos, bem como taxas, encargos e taxas de juros associados estão sujeitos a mudança de acordo com os contratos da conta em questão e podem variar conforme a localização geográfica. Nem todos os produtos e serviços são oferecidos em todas as localidades.

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RISCOS E CONSIDERAÇÕES GERAIS

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NÃO-COMPROMETIMENTO

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Historicamente, os investidores têm alocado uma parte significativa dos seus portfólios em ativos dos EUA. Acreditamos que agora é o momento de buscar uma maior diversificação global.

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