Estratégia de investimento

Tarifas, impostos e turbulências comerciais: as forças que estão redefinindo as regras do mercado na América Latina

Principais Conclusões

  • A incerteza comercial, as tarifas e os problemas fiscais estão limitando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na América Latina, impactando a dinâmica do mercado e enfraquecendo a demanda interna.
  • O novo imposto especial dos Estados Unidos sobre remessas pode reduzir o fluxo de fundos enviados à região, afetando a estabilidade econômica e o poder de compra dos consumidores. O México poderia ser um dos mais impactados.
  • É recomendável diversificar em moedas de reserva para mitigar os riscos associados à concentração em moeda local e, assim, fortalecer a resiliência dos portfólios.

Desde o começo do ano, já esperávamos que a América Latina enfrentasse diversos desafios em 2025, principalmente devido à incerteza e aos riscos específicos de cada país (como os desequilíbrios fiscais e a fraqueza da demanda interna). No entanto, novas tarifas agora aumentam a pressão econômica sobre os mercados desenvolvidos e emergentes, onde negociações importantes continuam:

  • Canadá e México: Inicialmente isentos das tarifas 'recíprocas' impostas por Donald Trump, ambos os países agora enfrentam taxas de 35% e 30%, respectivamente, sobre produtos não incluídos no Acordo EUA-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês). No caso do México, essa medida é atribuída principalmente à extradição de membros de cartéis e à implementação de políticas migratórias. O Canadá, por sua vez, busca um acordo após retomar as conversas com os Estados Unidos, que abandonaram sua proposta de imposto sobre serviços digitais. A próxima revisão, prevista para 2026, pode resultar em uma renegociação em grande escala.
  • Brasil: A tarifa de 50% recentemente anunciada sobre as exportações brasileiras gerou várias conversas entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva. Essa taxa, uma das mais altas impostas pelos Estados Unidos, pode ser reduzida durante negociações.
  • China: No final de junho, China e Estados Unidos assinaram um acordo comercial que estabelece tarifas americanas de 51,1% e chinesas de 32,6% sobre as exportações de cada país. As negociações continuam, com foco especial em terras raras e semicondutores.
  • União Europeia (UE): As negociações continuam, embora sejam complexas devido à tarifa de 30% anunciada pelos Estados Unidos. A Alemanha defende um acordo rápido, enquanto a França mantém uma postura mais firme. Apesar do progresso, as diferenças internas na UE podem atrasar as conversas.
  • Reino Unido: Em junho, o Reino Unido e os Estados Unidos assinaram um acordo que reduz as tarifas americanas sobre automóveis britânicos de 27,5% para 10% e elimina as tarifas sobre motores e peças de avião britânicos.

Nossos economistas revisaram para baixo as expectativas de crescimento da América Latina para este ano e agora projetam um avanço de 0,8% no quarto trimestre de 2025, abaixo dos 1,5% inicialmente estimados. Entre as revisões mais significativas estão as do México (de 1,3% para -0,5%), República Dominicana (de 5% para 2,6%) e Colômbia (de 2,5% para 2,3%).

Além das tarifas, esses países também enfrentam novas dificuldades devido a um imposto especial sobre as remessas. Esse tributo, estabelecido pela “Grande e Bela Lei” (One Big Beautiful Bill) aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos, pode intensificar a pressão sobre a atividade econômica na região.

É importante considerar o papel crucial que as remessas desempenham na região

De acordo com o Banco Mundial, as remessas globais atingiram cerca de 905 bilhões de dólares em 2024 (valor estimado, já que os dados finais ainda não estão disponíveis), dos quais 163 bilhões de dólares seriam destinados à América Latina e ao Caribe. Esses recursos, que representam aproximadamente 2,5% do PIB regional, são fundamentais para sustentar a atividade econômica, pois são frequentemente usados para adquirir ativos como terras e negócios, impulsionando o desenvolvimento e fortalecendo a estabilidade a longo prazo.

As remessas são essenciais para muitos países latino-americanos e, em muitos casos, têm mais importância do que a ajuda externa e o investimento direto. Por exemplo, elas correspondem a 26% do PIB de Honduras, 20% da Guatemala e 24% de El Salvador. Em 2024, os fundos enviados ao México (o maior receptor da região e o segundo no mundo) atingiram um recorde de 68,2 bilhões de dólares, equivalendo a 3,2% do PIB, enquanto na República Dominicana representam 8%.

As remessas estão moldando o quadro econômico da América Latina

Remessas como porcentagem do Produto Interno Bruto, 2024

Fontes: Pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), bancos centrais da América Latina e Caribe e Fundo Monetário Internacional (FMI). Informação a novembro de 2024.

Embora esse desempenho seja notável, especialmente considerando a incerteza geral, acreditamos que os fundamentos podem não sustentar esses movimentos no futuro. Por isso, estamos focados em um dos principais motores dessa classe de ativos: as expectativas de lucros.

Com isso em mente, analisamos os possíveis impactos da nova legislação.

Essencialmente, a Lei de Gastos e Impostos de 4 de julho estabelece um imposto especial de 1% sobre remessas feitas em dinheiro, ordens de pagamento ou cheques administrativos após 31 de dezembro de 2025. Esse imposto não se aplica a transferências não monetárias retiradas de contas em instituições financeiras nem às realizadas com cartões de débito ou crédito emitidos nos Estados Unidos. Além disso, a lei não é mais especificamente direcionada a cidadãos não americanos e aliviou certas obrigações de declaração para os provedores de transferências. Esse imposto se soma às comissões já existentes, que variam entre 5% e 6% do valor total enviado.

Embora o imposto de 1% seja significativamente menor do que a proposta original de 3,5%, ele provavelmente reduzirá as remessas em dinheiro enviadas por canais formais, já que algumas pessoas podem se sentir desestimuladas. O Centro para o Desenvolvimento Global (CGD) projeta uma queda de 1,6%, embora esse impacto varie de país para país. Espera-se que o México seja um dos mais afetados entre as principais economias que dependem dessas receitas.

Prevê-se que o impacto sobre a Renda Nacional Bruta seja maior nos países da América Central

Redução estimada das remessas como porcentagem da Renda Nacional Bruta

Fontes: Banco Mundial, Centro de Pesquisa sobre Governança e Desenvolvimento Econômico Europeu e Centro para o Desenvolvimento Global. Análise em 4 de julho de 2025.
Curiosamente, apesar do novo imposto e da postura da administração dos EUA em relação à imigração, o Banco Mundial não prevê uma queda generalizada nas remessas em 2025. Em situações anteriores de tensão e deportações em massa, muitos imigrantes consideraram o retorno voluntário ou enviaram quantias maiores de dinheiro para suas famílias, o que ajudou a manter níveis estáveis de transferências, mesmo sob pressões adversas. Exemplos históricos da Grande Crise Financeira de 2009 e da Guerra do Golfo em 1991 demonstram que o crescimento anual das remessas se manteve resiliente mesmo em tempos de crise.

O crescimento das remessas se recupera historicamente rapidamente após períodos de estresse

Saída anual de remessas dos Estados Unidos, variação percentual interanual

Fontes: Banco Mundial e Bloomberg Finance L.P. Informação em 31 de dezembro de 2023.

Embora o impacto do imposto adicional sobre remessas tenha diminuído para vários mercados emergentes dependentes, acreditamos que ele ainda pode aumentar, mesmo que marginalmente, os riscos negativos para a saúde econômica de muitos países da América Latina. Isso pode reduzir significativamente os fundos recebidos por famílias nos países destinatários, enfraquecendo o poder de compra dos consumidores e a resiliência econômica geral.

De forma geral, a introdução deste novo imposto pode agravar os desafios econômicos existentes e ressalta a importância de diversificar em moedas de reserva, como USD, EUR e até ouro, para minimizar a concentração em ativos de moeda local. Diante das dinâmicas da guerra comercial e da crescente incerteza na economia global, continuamos a recomendar a diversificação entre e dentro das classes de ativos, bem como em setores e investimentos menos sensíveis a essas tendências, como hedge funds não correlacionados, infraestrutura e finanças.

Não hesite em entrar em contato com sua equipe do J.P. Morgan para obter ideias sobre como podemos melhorar a resiliência do seu portfólio.

CONSIDERAÇÕES DE RISCO

Todos os dados econômicos e de mercado são de 22 de julho de 2025 e foram obtidos do JP Morgan Investment Bank ou da Bloomberg Finance L.P., exceto se houver outra referência.

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