Dos Estados Unidos e Europa à América Latina, os fundamentos têm sido alguns dos maiores impulsionadores de uma economia em constante resiliência.
Uma questão de fundamentos. Dos Estados Unidos e Europa à América Latina, os fundamentos têm sido alguns dos maiores impulsionadores de uma economia em constante resiliência.
O crescimento dos EUA tem sido fortalecido por um consumidor resiliente, uma recuperação no nível da oferta da economia e pelo apoio fiscal, que promoveu o aumento da atividade de construção manufatureira. No nível da oferta, um aumento na força de trabalho arrefeceu o mercado e levou o Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos (CBO, na sigla em inglês) a elevar suas estimativas de crescimento potencial dos EUA para cerca de 2,25% nos próximos anos. Aumentamos nossas faixas de PIB real referente ao final de 2024 e 2025, com um ajuste para 1,5-2,0% e 1,75%-2,25%, respectivamente.
Na mesma linha, o crescimento econômico na Europa surpreendeu positivamente. Mais uma vez, o crescimento teve a ver com alguns dos mesmos fundamentos: um mercado de trabalho sólido e um crescimento salarial positivo (embora em desaceleração) continuam a sustentar os consumidores. Esses dois fatores, aliados à confiança de que o pior da desaceleração europeia ficou para trás, favorecem uma recuperação modesta no crescimento. Aumentamos nossas faixas de PIB real referente ao final de 2024 e 2025 e as ajustamos para 0,5-1,0% e 1,0-1,5%, respectivamente.
O crescimento econômico da América Latina também foi elevado sistematicamente: nossos economistas projetaram um crescimento real do PIB de 1,6% e 2,3% para 2024 e 2025, respectivamente. Embora o último trimestre de 2023 tenha apresentado sinais mistos, acreditamos que veremos uma recuperação ao longo de 2024 e nos próximos anos, conforme já observado nos sólidos dados de janeiro no Chile e Peru. Os principais impulsionadores aqui estão muito alinhados com os fundamentos dos Estados Unidos e da Europa: consumidores resilientes sustentados por salários-mínimos e remessas mais altas, forte demanda externa e integração na manufatura, um processo de desinflação em andamento e, não menos importante, benefícios adicionais do histórico de nearshoring.
É esperado que o crescimento econômico da América Latina se recupere a partir deste ponto
PIB real, a.a., %
Daqui em diante, esperamos que o processo de desinflação abra caminhos para que os bancos centrais intensifiquem ainda mais seu ciclo de flexibilização.
Foi constatado um progresso amplo em todos os lugares: A problemática inflação de base do México, que tem sido impulsionada sobretudo pelo forte momentum nos preços de serviços, começou a diminuir. Na mesma linha, a desinflação na Colômbia começou a ocorrer à medida que a economia enfraquece, enquanto a atividade no Peru estagnou e a inflação retornou à meta, e a inflação no Chile também se encaminha para a faixa da meta. No Brasil, é previsto que a inflação permaneça ancorada, embora acima do alvo, e que encerre o ano em 3,5%. O centro da questão é que a inflação atingiu (ou está próxima) do ponto em que os bancos centrais se sentem à vontade para continuar flexibilizando as condições financeiras.
No geral, a inflação está se aproximando das faixas da meta... ...abrindo as portas para os bancos centrais continuarem seu ciclo de flexibilização
IPC, % a.a., Taxa de juros, %
Spreads do índice EMBI Global em quase todos os países estão sendo negociados abaixo das médias de 10 anos
Spreads, pb
Embora os spreads estejam sendo negociados de forma bastante ajustada, as moedas da região registraram uma queda média de -3,1% no acumulado do ano, com destaque para o peso chileno e o peso colombiano, que registraram o maior declínio. Contudo, o peso mexicano tem apresentado o melhor desempenho até o momento, afinal, o Banco do México (Banxico) tem sido o único a resistir, enquanto todos os outros países iniciaram seus ciclos de flexibilização, suspendendo efetivamente o apoio à moeda.
No geral, o crescimento econômico na América Latina migrou de uma narrativa meramente oportunista para uma estrutural. A região não só teve um desempenho superior nos últimos anos, mas também parece estar bem posicionada para aproveitar a oportunidade de nearshoring, à medida que países e empresas do mundo buscam uma alternativa segura e econômica de fornecimento, impulsionando o consumo interno e o comércio internacional.