Até agora, em 2024, o valor das principais moedas da região pode ser explicado pelo “carry”: as oportunidades que surgem com as transações entre moedas de vários países com taxas de juros diferentes.
Quanto maior o rendimento que uma moeda oferece, melhor é seu desempenho no acumulado do ano
Retornos reais de carry e retornos spot acumulados no ano em relação ao USD, %
A volatilidade do mercado de câmbio tende a estar correlacionada com a incerteza macroeconômica
Índice CVIX e índice de incerteza econômica global
O cenário macroeconômico tem ganhado ainda mais força ultimamente. O impulso da imigração para a oferta de trabalho nos EUA está preparando a economia para fornecer um crescimento sólido sem um ressurgimento significativo da inflação (mais uma vez comprovado no relatório do Mercado de Trabalho da última sexta-feira), enquanto dados recentes na UE reforçam nossa confiança de que o pior da desaceleração já passou, enquanto o cenário se prepara para uma modesta recuperação no crescimento.
Na América Latina, o processo de desinflação, aliado a consumidores resilientes, deu margem para os bancos centrais flexibilizarem ainda mais as condições financeiras. Aqui, embora as taxas de juros tenham de fato se atenuado consideravelmente em comparação com o ano passado, algumas começaram a sinalizar uma desaceleração em seu ciclo de flexibilização ou enfatizaram a “prudência” adiante (pense no Chile, México, Peru) à medida que a atividade começou a se recuperar mais uma vez. Inclusive, à medida que a atividade se intensifica, temos visto mais bancos centrais e economistas do setor financeiro revendo suas estimativas de crescimento para um patamar mais elevado. O Banco Central do Chile foi o último a aplicar um aumento nas suas expectativas de crescimento do PIB referentes a 2024 – para 1,0 a 3,0% (de 1,21% a 2,25%, anteriormente), após uma atividade econômica mais forte do que o previsto.
O ponto principal: A volatilidade do mercado de câmbio deve permanecer baixa à medida que os riscos extremos na economia global sigam diminuindo.
Aqui estão alguns aspectos que valem a pena ser observados nesse cenário:
1. Quando a volatilidade do mercado de câmbio está baixa, o carry é a sua melhor fonte de retorno. Isso aconteceu em 2023 e, até o momento, tem seguido o mesmo caminho este ano. Quando você ajusta o carry pela inflação (ou seja, Turquia e Argentina têm carry alto, mas não em termos reais), a correlação com os retornos este ano fica ainda mais clara.
A volatilidade do mercado de câmbio está extremamente baixa...
Volatilidade implícita de 3 meses em comparação com a faixa ao longo do último ano
2. Dentro do G10, o dólar americano é uma moeda com alto carry. Esperamos que, por hora, ele permaneça bem respaldado nesse espaço: nossa premissa básica continua indicando que, eventualmente, o dólar reverterá sua supervalorização no médio prazo. No entanto, a vantagem do carry do dólar dificilmente perderá força antes do segundo semestre do ano, no mínimo, e assim continuamos a favorecer posições longas para o dólar em relação à maioria das restantes moedas do G10, principalmente as de baixo rendimento na Europa, onde os bancos centrais podem estar partindo para uma flexibilização antes da Reserva Federal. Aqui, o franco suíço é nosso financiador preferido.
3. O dólar americano não é uma moeda de alto rendimento em comparação com algumas moedas de países emergentes, como as da América Latina. Acreditamos que as moedas da América Latina de alto rendimento estão bem posicionadas para render retornos totais positivos em relação ao dólar – e superar outras moedas do G10 de rendimento mais baixo. Embora algumas moedas de alto rendimento tenham apresentado desempenho inferior (por exemplo, o real brasileiro), o fato foi parcialmente impulsionado por preocupações envolvendo riscos políticos. Em particular, estamos focados naquelas que têm altas taxas reais em relação aos Estados Unidos no momento, e que provavelmente continuarão a ter ao longo do ano – mesmo conforme os bancos centrais da região reduzam gradualmente as taxas dos níveis atuais.